Sem o talento de Neymar, Brasil vence na raça. Casemiro marcou. Time classificado para as oitavas

Foi um sufoco. A Suíça marcou muito forte. Tite foi pragmático no primeiro tempo. No segundo, soltou a equipe no ataque. E o onipresente Casemiro fez o justo gol da vitória

O Brasil sentiu falta de Neymar.

A nova geração de atacantes é excelente. Mas faltou o toque genial, inesperado, o drible que desequilibra

Mas não desistiu. Diante da muralha que a Suíça montou em frente ao seu gol, o Brasil arrancou a vitória a fórceps. Com o homem de confiança de Tite. 

Casemiro. 

Aos 37 minutos do segundo tempo, depois de muito forçar, veio a justiça. 

Um gol à la real madrid. Vinícius Junior tocou para Rodrygo, que conseguiu o passe para Casemiro. O agora jogador do Manchester United, que bateu fortíssimo. No alto. Sem defesa para Sommer. 

1 a 0, Brasil.

Time classificado para as oitavas de final.

Com muita personalidade, vibração, talento.

Sentindo falta de Neymar, mas uma equipe ainda muito poderosa.

Quanto tem coragem de buscar o ataque.

Tite deu um passo atrás ao colocar Éder Militão e Fred, dois jogadores defensivos, nas vagas de Danilo e Neymar, contundidos. Ele foi pragmático. Sabia da movimentação na intermediária suíça, com cinco jogadores versáteis. Que marcam forte, mas sabem atacar em bloco. 

O plano tático de Tite era simples. Marcar a saída de bola dos suíços, mas com a segurança de que o time estaria protegido para os contragolpes. Se apostasse em Rodrygo, Casemiro estaria sobrecarregado na marcação, porque Lucas Paquetá tem dificuldade em fechar a intermediária. Já Fred atua como segundo volante há anos.

Foi coerente na improvisação de Militão na lateral. Daniel Alves está há dois meses sem jogar. E, aos 39 anos, vive sua pior fase na carreira. E o espaço ofensivo na direita é ocupado por Raphinha.

A Suíça, de Yakin Murat, foi montada de maneira bem diferente da que enfrentou Camarões. O 4-2-3-1 se transformou no 4-5-1.  Com a intenção de travar a habilidade brasileira na intermediária.

Sem o talento de Neymar, a aposta era a troca de passes rápidos, mais verticais, sem forçar dribles, a não ser Vinícius Junior.

Estava evidente que seria uma partida que exigiria muita paciência. Porque para os suíços, o empate em 0 a 0 era ótimo negócio. Dividiria a liderança do grupo G com o Brasil, bastando um novo empate contra os sérvios para se garantirem nas oitavas de final.

A partida seguia truncada, disputada. Até que, aos 26 minutos, Raphinha fez uma inversão inesperada, que encontrou Vinícius Junior por trás da zaga. A finalização saiu mascada, o que facilitou a defesa do bom goleiro Sommer.

Foi o primeiro chute a gol do Brasil. 

Após o susto, a Suíça se encolheu. Acumulava nove jogadores, distribuídos em duas linhas, uma de quatro e a outra de cinco atletas, em um espaço de 30 metros.

O problema é que, com Militão, o time forçava apenas pela esquerda. Com excesso e previsíveis lançamentos e passes para Vinícius Junior.

Tite logo tratou de mostrar que corrigiria seu erro. Desde os 38 minutos ele colocou Rodrygo para se aquecer. Era óbvio que o time precisaria de mais dribles, improviso, jogadas inesperadas para romper o sistema defensivo muito bem montado pela Suíça.

Faltavam também jogadas de linha de fundo. O Brasil era travado nas intermediárias. E o sistema de cobertura europeu tratou de travar as inversões que a seleção tentava, com Alex Sandro da esquerda e Raphinha da direita.

Era óbvio que Neymar fazia falta.

O primeiro tempo terminou sem emoção.

Tite colocou Rodrygo. Mas não na vaga de Fred. Na de Paquetá.

O Brasil seguiria com Casemiro e Fred na marcação de um time que não atacava. Faltou ousadia ao treinador brasileiro.

A Suíça mantinha o ritmo lento, a dinâmica que a favorecia. Tudo que o time europeu queria era não perder.

Mas o Brasil seguiu com falta de imaginação e de chutes de fora da área. As trocas de passes lentas, facilitando aos marcadores suíços. 

E mesmo com Fred e Casemiro, os contragolpes começavam a surgir. Principalmente nas costas de Alex Sandro.