Empresa destacou que não encontrou conteúdos falsos pró-Ucrânia.
A Meta, empresa dona do Facebook, disse nesta segunda-feira (28) que derrubou dezenas de contas falsas, grupos e páginas pro-Rússia tentando espalhar propaganda contra a Ucrânia enquanto a guerra avança.
O ataque da Meta à campanha de influência coincidiu com o que os funcionários descreveram como um esforço separado e intensificado de hackers pro-Rússia para comprometer contas de redes sociais de jornalistas ucranianos, líderes militares e oficiais de governo. A campanha de hackers, atribuída a um ator que pesquisadores de segurança apelidaram de “Ghostwriter”, parece ter tido sucesso ao menos em algumas contas do Facebook, disse a Meta.
Ambas as iniciativas revelam como os grupos que apoiam a invasão russa da Ucrânia tentam vencer a guerra de informações online, não apenas no Facebook, mas em uma série de plataformas de mídia social e sites.
No fim de semana, a empresa tomou conhecimento de cerca de 40 contas, grupos e páginas disfarçadas de pessoas reais, disse a Meta. Para promover a fraude, os agentes de desinformação usaram fotos de perfil geradas por inteligência artificial e alegaram estar escrevendo de Kiev, segundo a empresa.
Uma das contas falsas fingia ser engenheiro aeronáutico; outros alegaram ser editores de notícias ou autores científicos, disse a Meta. As contas publicaram conteúdo no Facebook, Instagram e em toda a internet descrevendo a Ucrânia como um estado falido, entre outras alegações.
A Meta disse ainda que a campanha de influência parece estar ligada a outra que o Facebook interrompeu em 2020. Na época, o Facebook descobriu que a campanha tinha relação com outra anterior também de russos, além dos sites NewsFront e SouthFront, duas supostas páginas de desinformação baseados na Crimeia que foram sancionadas pelo governo dos EUA.
Nathaniel Gleicher, chefe de política de segurança da Meta, se recusou a detalhar a natureza dos links e ainda se recusou repetidamente a dizer aos repórteres quanto conteúdo desta campanha de desinformação pode ter sido compartilhado, visualizado ou engajado nas plataformas da Meta.
Mas ele descreveu a campanha como “relativamente pequena”, com menos de 4.000 seguidores no Facebook e menos de 500 seguidores no Instagram. E acrescentou que a Meta foi capaz de derrubar a rede antes que ela pudesse reunir uma grande audiência.
Até agora, a Meta não encontrou nenhuma evidência de atividade falsa pró-Ucrânia em sua plataforma, mas a empresa anunciaria se o fizesse, disse Gleicher à CNN.
“Compartilhamos essas operações para garantir que as pessoas entendam e possam ver o que está acontecendo em todos os lados de qualquer conflito”, disse Gleicher. “O que estamos vendo aqui é atividade de atores que, pelo conteúdo que estão compartilhando e pelo comportamento em que estão envolvidos, parecem mais alinhados em minar a confiança do governo ucraniano e impulsionar as atividades de atores russos”.
Enquanto isso, a campanha para invadir as contas de mídia social dos ucranianos tem como alvo “um punhado” de vítimas, disse Gleicher, acrescentando que o esforço foi atrás de pelo menos um jornalista e vários militares e oficiais do governo ucraniano. A Meta notificou seus usuários que foram alvos do Ghostwriter, disse Gleicher.
Depois de assumir com sucesso o controle da conta de rede social de uma pessoa, o Ghostwriter tenta postar conteúdo pró-ucraniano, disse David Agranovich, diretor de interrupção de ameaças da Meta.
Ele citou como exemplo uma conta sequestrada que foi vista compartilhando um link para um vídeo do YouTube que pretendia mostrar tropas ucranianas se rendendo. (Perguntado se o vídeo parecia ser autêntico, Agranovich disse que não podia especular sobre o conteúdo do YouTube.)
A campanha do Ghostwriter funciona comprometendo as contas de e-mail de uma vítima – geralmente por meio do uso de ataques de phishing direcionados – e, em seguida, usa esse acesso para obter acesso às contas de mídia social da pessoa.
O Ghostwriter está ativo desde pelo menos 2016, tem como alvo vítimas em toda a Europa e tem ligações com a Bielorrússia, de acordo com a empresa de segurança cibernética Mandiant. No outono passado, a União Europeia alegou que o Ghostwriter estava ligado ao governo russo.
Mas desde a invasão russa, disse Agranovich, “vimos uma mudança no foco do Ghostwriter para as pessoas na Ucrânia, em especial”.
A Meta está aumentando cada vez mais as proteções de segurança do usuário na Rússia, já que manifestantes que se opõem à invasão continuam a se organizar nas plataformas da empresa.
Por exemplo, a empresa lançará uma ferramenta na Rússia (e que já foi implantada na Ucrânia), permitindo que os usuários “bloqueiem” rapidamente seus perfis, restringindo o acesso ao conteúdo de uma pessoa. Além disso, o Meta também colocará uma notificação no topo dos feeds dos usuários russos, lembrando-os sobre as etapas que podem ser tomadas para proteger suas contas.
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