Brasileiro disputa ‘Nobel da Educação’

Concedida pela Varkey Foundation, em parceria com a Unesco, a honraria tem premiação de US$ 1 milhão e vai apresentar o vencedor em novembro.

Foi por meio da matemática que Greiton Toledo, de 31 anos, desenvolveu um projeto em que estudantes criam jogos e atividades de maneira sustentável para o tratamento do mal de Parkinson. Batizada de Mattics, a iniciativa surgida em 2015 acaba de colocar o professor e pesquisador do Instituto Federal Goiano, em Ipameri, no interior do Estado, na lista dos 50 finalistas do Global Teacher Prize, conhecido como o “Nobel da Educação”.

Concedida pela Varkey Foundation, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a honraria tem premiação de US$ 1 milhão e vai apresentar o vencedor desta edição em novembro. Estar entre os 50 finalistas é um feito e tanto – mais de 8 mil profissionais de 121 países se inscreveram no prêmio.

Greiton, que leciona em escolas públicas há 11 anos, conta que o projeto nasceu longe de Ipameri, em uma turma de ensino fundamental 2 da Emef Irmã Catarina, em Senador Canedo, município perto da capital, Goiânia. Depois, se expandiu. No Instituto Federal Goiano, o professor ampliou o trabalho, com a pretensão de difundi-lo para mais escolas públicas. “Tenho orgulho de ser professor da educação básica, porque é nela que estão 80% da futura geração que vai afetar diferentes setores das cidades, dos Estados e dos países”, afirma. Ele decidiu seguir carreira na área quando tinha 13 anos.

Por meio do projeto Mattics, os alunos criam jogos digitais e desenvolvem dispositivos eletrônicos de baixo custo usando matemática, programação e robótica para tratar os sintomas da doença de Parkinson. A iniciativa busca ajudar os estudantes a aprender e a usar a matemática de uma forma que lhes permita ver e interpretar situações reais, tomar decisões e lidar com eventos imprevistos.

Para Greiton, o aluno passa a assumir o papel de pesquisador e inventor, em vez de apenas receber informações prontas para serem reproduzidas. “No lugar da fórmula definição-exemplo-exercícios-respostas, valorizamos a compreensão, a invenção e os resultados da matemática”, explica o professor. “Conteúdos, exemplos e exercícios são divididos dentro deste conceito, dando lugar à investigação e à curiosidade com base na experimentação do aluno. Utilizamos softwares de matemática e programação.”

Na prática

Participante do projeto desde 2019, Eduardo Brandão começou a trabalhar com os jogos e conta como a técnica é importante para o auxílio na saúde dos idosos. “Com tudo que a gente aprende no projeto, que envolve matemática e invenções criativas, e materiais de custo baixo, criamos jogos que não são somente para diversão”, conta o aluno. “Podemos utilizá-los para benefício de outras pessoas. Levamos os jogos para hospitais e ajudamos no tratamento do Parkinson.”

Desde o início, o projeto já atendeu mais de 3 mil estudantes. Hoje, cerca de 300 alunos trabalham com o Mattics e levam os jogos desenvolvidos em sala de aula para hospitais, onde idosos com Parkinson podem fazer atividades mentais e físicas, como fisioterapia, acompanhados por profissionais da área da saúde.