A Guerra Fria gerou toda sorte de armas secretas, mas nem todas deram certo. Vamos conhecer algumas que ou fracassaram ou nem saíram do papel
A Guerra Fria foi uma época aonde dinheiro era gasto aos tubos, com toda sorte de armas secretas sendo desenvolvidas por todos os lados. Algumas foram grandes sucessos como o SR-71 e a Internet. Outras, nem tanto. Algumas nunca saíram do campo teórico (felizmente).
Vamos ver neste artigo seis dessas armas e ideias, sem deixar de mencionar menções honrosas como a Bomba Gay e o batom-pistola. Em comum, são todas ideias esquisitas, mesmo as bem-sucedidas. Então, sem mais delongas…
Toda uma série de bombas nucleares de baixa potência foi desenvolvida durante a Guerra Fria, com fins táticos como destruir bunkers e aglomerações de tropas, mas por algum motivo as pessoas ficavam melindradas com a ideia de ser atacadas por artefatos nucleares, mesmo dos pequeninhos.
Era preciso uma alternativa não-nuclear, e de qualquer jeito, a questão é pura energia, a vantagem do artefato nuclear é emitir muita energia em um espaço pequeno, mil toneladas de TNT ocupam muito espaço. E energia é a diferença entre uma bela e uma bala de canhão, que originalmente eram de pedra.
O Projeto Thor, também chamado Rods from God, era uma ideia de uma “munição cinética”, sem carga explosiva, usando apenas energia cinética. Foi criado por Jerry Pournelle, que depois se tornaria um excelente autor de ficção científica. O conceito era aproveitar a velocidade natural de qualquer coisa em órbita.
Um satélite levaria vários projéteis de Tungstênio, um dos metais mais duros e resistentes. Com 6 metros de comprimento e 30cm de diâmetro, cada um deles pesaria 2,2 toneladas, custando US$600 mil só em Tungstênio.
Eles seriam acoplados a um sistema de propulsão e guiagem, e quando necessário seriam lançados em direção a um alvo em terra. Imagine um canhão disparando para baixo. Essencialmente é isso.
Os projéteis atingiriam o alvo a 10 vezes a velocidade do som, e segundo a boa e velha equação F=m x a, a energia resultante da colisão seria equivalente a 11 toneladas de TNT. Equivalente a uma ogiva Mark-54 usada na bazuca nuclear Davy Crockett.
Quando a ideia começou a se tornar tecnologicamente viável já era administração Bush Pai, o custo estava alto demais e a situação geopolítica não justificava esse tipo de investimento em defesa. Projeto Thor foi pra gaveta sem nunca ter saído do papel.
Na Primeira Guerra Mundial o maior perigo para os navios era a frota de submarinos. Na Segunda Guerra, aviões se tornaram uma variável a ser considerada. Na Guerra Fria ficou evidente que comboios estariam à mercê da aviação inimiga, e como ainda não havia mísseis teleguiados para resolver isso, o jeito era usar caças.
Só que dotar todos os comboios de um porta-aviões de escolta sairia muito caro. Alguém então teve a ideia de equipar os próprios navios cargueiros com caças de decolagem vertical. Que ainda não existiam.
A Marinha dos EUA abriu uma concorrência pedindo um caça embarcado de pouso e decolagem vertical, e o pessoal da Convair entendeu a coisa de forma literal demais. Você provavelmente está imaginando algo como o Sea Harrier.
Só que ele é de 1978, o projeto da Marinha que resultou no XFV-1 era de 1948. O que explica em 1954 terem entregado… isto. (note que está de lado)
O XFV-1 decolava e pousava na vertical, literalmente. Com o piloto sentado de costas pro chão. Agora imagine isso com o avião em um navio em movimento.
No papel o avião funcionava perfeitamente. Na prática pilotar esse bicho era uma série de pesadelos. Você quase não tinha controle em velocidades baixas, e como ele não tinha freios, só se movia em velocidades altas, forçando uma manobra brusca pra pouso.
O piloto tinha que controlar o avião na vertical, olhando pra trás e usando um motor fraco, o mais potente que havia sido prometido nunca foi produzido. No final o projeto era viável SE todos os pilotos fossem pilotos de teste com milhares de horas de voo, e mesmo assim voariam com um avião que não era páreo para os jatos convencionais que começaram a aparecer nos anos 50. Depois de alguns protótipos da Convair e da Lockheed, a ideia foi abandonada.
O sonho de todo general é ter soldados voadores, mas jetpacks não são práticos, os modelos comuns permitiam 30 segundos de voo e todos os membros do soldado estavam ocupados controlado o equipamento, não sobrava com o quê combater.
O Exército pediu sugestões, e a Hiller Aircraft desenvolveu a Hiller VZ-1 Pawnee, um negócio com 2,5m de diâmetro, 168Kg de peso e dois motores de 40hp que giravam duas hélices contra-rotatórias. Elas eram suficientes para propelir a plataforma a 28km/h e atingiam 10 metros de altura.
O brinquedo tinha seus méritos, o controle era feito com o piloto inclinando o corpo, e era bem ágil, mas na prática, não deu certo. A plataforma era extremamente barulhenta, voava baixo demais e ao invés de um soldado camuflado escondido na floresta, você oferecia um inimigo um lindo e convidativo alvo contra o céu azul.
E se você acha a Plataforma Hiller um convite ao suicídio, espere até conhecer o de Lackner HZ-1 Aerocycle, uma ideia de algum engenheiro que odiava soldados e sonhava em ver todos transformados em carne moída. Não preciso dizer, também não deu muito certo.
Desde a Primeira Guerra que os países procuram construir super-canhões, com nomes simpáticos como Tor e Big Bertha, essa moda seguiu até os Anos 80, com Saddam Hussein tentando criar um canhão capaz de atingir Israel.
Na Guerra Fria essa moda voltou com a invenção dos projéteis nucleares. Idealmente se você disparar uma bala que é uma bomba atômica, ela deve cair bem, bem longe e pra isso você precisa de um canhão grande.
Os americanos tinham o Atomic Annie, os russos construíram o 2B1 Oka, um monstro capaz de disparar um projétil de 750Kg a mais de 45Km de distância. O canhão tinha calibre de 430mm e VINTE metros de comprimento.
Sim, obviamente os russos estavam compensando por alguma coisa, mas em termos de compensação, ninguém supera outra esquisitice da Guerra Fria, um abafador usado pelo exército alemão para diminuir o ruído dos disparos de seus tanques, e incomodar menos os vizinhos dos campos de teste….
Em Star Trek VI a Enterprise está tomando uma surra de uma ave de rapina klingon que consegue disparar mesmo camuflada. Spock então lembra que mesmo camuflada os motores de impulso ainda emitem gases. Um torpedo é calibrado para detectar essas emissões e é o fim do General Cheng. Essa cena foi baseada em algo bem real.
Durante a Segunda Guerra os alemães inventaram um meio de navegar com seus submarinos sem ter que emergir: O Snorkel, um tubo que captava ar da superfície. Isso tornava bem difícil a detecção mesmo com radar.
Os cientistas aliados começaram a pensar em métodos de identificar indiretamente submarinos inimigos usando snorkel, e uma solução foi encontrada: Aviões aliados voavam próximos à superfície do oceano, coletando amostras de ar. Quando um submarino inimigo com seus motores diesel acionados, recarregando as baterias passava pelo local, deixava uma nuvem de partículas, que podiam ser identificadas.
Essa técnica permaneceu em uso por muito tempo, tendo sido usada inclusive na Crise dos Mísseis Cubanos, em 1962, para identificar um submarino soviético. Ela caiu em desuso com a proliferação dos submarinos nucleares.
Na Guerra do Vietnã surgiu a ideia: Será que dava pra adaptar essa técnica para identificar… humanos?
Nós normalmente não emitimos vapores da combustão de óleo diesel, mas há alternativas. Nós suamos, e bastante. E tanto em nosso suor quanto na urina liberamos amônia. Usando ácido clorídrico como catalisador, conseguimos cloreto de amônia, que é facilmente identificado em testes bem conhecidos.
Equipamentos foram desenvolvidos para colher continuamente amostras do ar, e dependendo da concentração de cloreto de amônia, determinar se há ou não humanos nas proximidades.
Havia equipamentos portáteis, entre aspas, com soldados carregando mochilas pesadas com o hardware, e versões em helicópteros.
O equipamento “portátil” era conectado no fuzil, mas mesmo assim tinha problemas, detectando o suor do próprio soldado e gerando falsos positivos. Também havia o problema do detector fazer “ticka-ticka-ticka” e alertar o inimigo nas proximidades.
O maior problema foi quando os vietcongues rapidamente descobriram como o equipamento funcionava, e espalharam baldes com lama e urina pendurados pelas florestas, criando toneladas de falsos positivos.
Em alguns casos montavam trilhas de chamarizes para atrair e atacar helicópteros farejadores. Logo a chamada Operação Snoopy acabou cancelada.
A ideia original é de um engenheiro russo chamado Arkady Borisovich Markin. Ele propôs um projeto internacional que utilizaria milhares de bombas instaladas em uma gigantesca barreira no Estreito de Bering, que levariam água quente do Atlântico para o Oceano Ártico.
Isso elevaria a temperatura média na Sibéria, Canadá, Alaska e no nordeste da América do Norte. Tornaria mais ameno o clima de um monte de cidades, mas antes da ideia ir adiante, o bom-senso prevaleceu e outros cientistas lembraram que clima é um negócio complicado e alterações assim teriam efeitos desconhecidos.
O que também não ajudou foi quando outros cientistas começaram a estudar os modelos climáticos gerados pela alteração proposta pelo russo, e descobriram que o degelo provocado iria inundar um monte de cidades americanas costeiras.
Os Estados Unidos só não projetaram de forma mais veemente, por estarem ocupados estudando planos de alteração climática para fazer o mesmo com a União Soviética.
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